O efeito colateral de se ter um dos maiores exércitos do mundo



A tentativa de golpe militar iniciada na Turquia na madrugada de sábado (horário local) evidência uma situação delicada para as potências militares, principalmente para os países de democracias instáveis e consideradas vulneráveis.

É importante ressaltar o papel estratégico da Turquia na região em que ela está inserida, servindo de ponte entre a Europa e a Ásia. A região é caracterizada por forte instabilidade política e por confrontos armados (o que pode explicar em partes tamanho poderio bélico do país).

A primeira vista, a tentativa de golpe parece sem fundamento e sem grande apelo popular, fatos que podem ter contribuído para o rápido desmanche do ato (com relatos de troca de tiros entre civis e militares, não cumprimento do toque de recolher imposto pelos militares, além dos confrontos entre policiais e militares).

Porém, apesar de não ser pautado por grande insatisfação popular, referente ao governo federal, esse ato pode causar grande instabilidade no país, tanto com conflitos de civis contra militares, quanto pelo despertar da luta de curdos pela independência, o que pode resultar em reflexos na, já instável, região vizinha, principalmente na fronteira com a Síria.

Cabe ao governo democrático resistir com apoio da população e os países aliados da Turquia darem uma resposta rápida à esta situação, com objetivo de voltar o foco para o combate ao terrorismo, que continua sendo o grande problema das relações internacionais à ser resolvido no momento.

A loucura instalada na política brasileira



A eleição dessa semana para presidência da câmara dos deputados retrata de maneira clara o momento de incerteza e indefinição que se instalou na política brasileira, intensificada nos últimos dois anos.

Caracterizada por um grande número de candidatos e motivo de grande tensão para o atual governo interino do país, a eleição teve desfecho pouco provável, sendo vencida pelo candidato do DEM-RJ, Rodrigo Maia. Além das articulações políticas que levaram à vitória o candidato supracitado (situação comentada no próximo parágrafo), surpreende-me o fato de que o deputado vitorioso da eleição (e agora homem forte do legislativo nacional) é filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, que após seu último mandato, deixou o governo com níveis baixíssimos de aprovação popular, deixando um legado de dívidas e obras questionáveis para a população da cidade. Rodrigo Maia é só mais um exemplo de que mesmo políticos altamente questionáveis no âmbito regional ou nacional ainda conseguem exercer influência e se perpetuar no poder através de seus filhos (situação que com certeza voltará ao debate em algum post posteriormente).

Voltando o foco para a eleição dessa semana, digo que a loucura em que faço referência no título do post tem seu mais novo capítulo no fato de que o candidato vencedor era o candidato da denominada antiga oposição (coligação DEM, PSDB, PPS) e que nos últimos momentos ganhou o apoio surpreendente do PT, destacando-se como o principal articulador político o ex-presidente Lula (vale ressaltar que a antiga oposição é conhecida por esse termo justamente por seu papel crítico ao governo do PT, de 2002 à 2016).

Nosso momento atual é esquizofrênico no sentido de que oposição e situação se confundem, e evidenciam que os laços políticos (a tão aclamada governabilidade!) estão cada vez mais frágeis e que as traições podem ocorrer a qualquer momento (vide o desmoronamento da influência política de Eduardo Cunha). É nesse ambiente nebuloso que o governo federal tenta governar e ganhar a confiança da sociedade, ou seja, tarefa nada fácil.